quinta-feira, janeiro 19

Duelo

- Tenho os pés frios.
O anão que vive na cave da minha casa ao ouvir tais palavras proferidas, levanta-se, uma vez que este encontrava-se sentado, corre e traz a manta mais próxima. 
- Obrigado Julião.
- De nada Sr. Artur.
- Estúpido, não me chamo Artur!
- Estúpido és tu.
Ao ouvir tal frase, não me controlo e desafio Julião para um duelo. 
- DESAFIO-TE PARA UM DUELO!!!!
- EU SEI, LI ISSO LÁ EM CIMA.
- Amh? Leste?
- Sim!
- Como?
- Então, Artur, eu estou a presenciar o presente enquanto este acontece.
- NÃO ME CHAMO ARTUR!
Então vamos para o exterior, como dois cavalheiros devem lutar, de forma brutalmente civilizada.
Estamos de costas um para o outro, damos seis passos gigantes e a este ponto da luta percebo que é uma situação peculiar e algo injusta. Ou ele dá doze passos ou eu dou três, porque a justiça não está relacionada com igualdade, porque a igualmente nem sempre é justa.
- Julião, o que estamos nós a fazer?
- Vamos duelar!
- Está bem.
Dobro o braço, enquanto o cano da pistola está virado para cima, fazendo as nuvens estremecer de medo. 
-1...2...3!
Viramo-nos em simultâneo um para o outro enquanto as balas saem disparadas das pistolas. Falho a cabeça do anão, enquanto este com o sua pontaria acerta-me no coração.
- A vida é efémera. Sinto frio.
Julião corre, traz a manta que me trazia outrora.
- Não quero que lhe falte nada,  Sr. Artur.
- NÃO ME CHAMO ARTUR!
E morro.