quinta-feira, setembro 27

Nick Nicotine

Penso que encontrei uma solução.

Cada médico terá, sempre, uma pistola no seu gabinete. Ao constatar que o paciente não está com boa cara tentará avaliar se aquilo é coisa para durar mais que um ano.

Em caso de resposta positiva deverá marcar nova consulta para o próximo ano.

Em caso de resposta negativa deverá o médico pedir ao paciente que se dirija àquela zona da sala de consulta protegida por plásticos. Aí disparará apontando à cabeça do paciente. O médico deverá carregar no botão que, simultaneamente, abre o alçapão que dará acesso ao forno e alertará o pessoal auxiliar para que saibam que é altura de colocar novos plásticos.

Algumas notas: os custos inerentes à limpeza também pesam no orçamento – é essencial que o médico explique ao paciente que não se deve mexer, para evitar salpicos. Os mais egoístas estão-se pouco marimbando para o sistema nacional de saúde, não percebem que isto não dá para todos, cuidado com esses cabrões. Outra coisa: penso que nem será preciso alertar para a necessidade de conseguir resolver a situação com um único tiro certeiro – para além das balas também terem um custo a ideia, aqui, é tratar o paciente com rapidez e dignidade.

Não somos animais.


(Nick Nicotine)

quarta-feira, setembro 26

O Último Segredo

A mãe tinha fé. Mas o que éra isso de ter fé? Fazia algum sentido ter fé em Cristo quando já se conhecia a verdadeira história de Jesus e da transformação dos seus ensinamentos judaicos numa coisa completamente diferente? Tomás sempre achara que era um disparate acreditar no que quer que fosse com dados insuficientes. Eram a investigação e a ciência e o conhecimento que conduziam à crença, não a repressão das dúvidas e a ignorância e os dogmas. A crença não podia ser cega; tinha que ser informada. Nenhuma verdade podia ser inquestionável. As pessoas que acreditavam sem dados suficientes, pensava ele, não passavam de simplórios crédulos e supersticiosos, dispostos a acreditar na primeira patranha que lhes contassem. A crença só era válida se fosse baseada no saber. No entanto, Tomás tinha a noção de que a crença sem dados suficientes era inevitável. Na amizade, por exemplo. Para se ser amigo de uma pessoa é preciso acreditar nela, crer que ela é digna de confiança. Claro que essa fé se revela muitas vezes infundada. Bastava ver o caso de Valentina. Ele acreditara nela sem ter dados suficientes para o fazer e acontecera o que acontecera. A italiana revelara-se dúplice e quase o matara. Claro que agora estava na prisão e ia pagar pelos crimes que havia cometido, mas a questão não era essa; a questão era que ele acreditara nela sem dispor de dados suficientes e dera-se mal. Não era isso a prova afinal de que a crença sem conhecimento é perigosa? Mas qual a alternativa? Não deveria acreditar em ninguém até ter informação suficiente para estar certo que essa pessoa era digna de confiança? Então como faria amizades? Iria submeter cada amigo potencial a um rigoroso inquérito prévio? Apresentar-lhe-ia um questionário para preencher? Iria investigar toda a sua história em pormenor? Isso não fazia sentido! Havia situações na vida em que era preciso acreditar sem informação suficiente. A informação viria depois, claro. Mas primeiro tinha de haver crença. Crença de que a pessoa era de confiança e podia ser amiga. As informações posteriores confirmariam que essa crença tinha fundamento. Mas o primeiro passo era sempre a crença. Ou, para usar outra palavra, a fé.
- José Rodrigues dos Santos in O Último Segredo

sábado, setembro 22

Knock

- Knock knock..
- Who's there?
- Me.
- Hello!
- What?
- You're at my house, and now I'm complimenting you
- But, you're not suppose too do that..
- Why not? That's how I was educated.
- But.. But, that's not how knock knock jokes work!
- What joke?

segunda-feira, setembro 3

José Caracol

O humano não existe, é um mito cuja finalidade é tentar aproximar-nos como pessoas.