sexta-feira, maio 13

b)

Quando estiver ao leito da minha morte, provavelmente deitado numa cama de um hospital qualquer, com um tubo de soro espetado através de uma fina agulha numa das minhas veias mais fortes do braço esquerdo, enquanto olho para a janela, que assumo desde já que vai-se encontrar do meu lado direito, vendo os pássaros a cantar, enquanto o sol emerge, naquela lenta rapidez, vou dar por mim a pensar no que fiz. E penso, "foda-se, fiz aquilo", sentindo concretizado pelos meus feitos? 
E se não for, não terá a vida sido mal vivida? Uma vida mal vivida pouco de vida tem, porque as imposições existem, então temos de as suportar e nunca, nunca aceitar aquele não destrutivo que deita abaixo aquele sonho peculiar que tinha tudo para andar, mas como o velho rezina disse que não, a vida foi assim construída, assim cimentada naquele não e por todas as decisões à priori.
Aquele não mudou a vida dele e nenhum dos dois sabe disso. Nem o locutor, nem o transmissor.
E no ultimo suspiro gritar-se-á um foda-se.
Existem duas hipóteses:
a) Foda-se, queria ter feito aquilo, se ao menos tivesse tido os colhões para o fazer.
b) Foda-se, consegui fazer tudo o que queria ter feito.

Qual dos foda-se queres?

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