quarta-feira, abril 27

"O Amor é Fodido" por Miguel Esteves Cardoso

"Nascemos todos com vontade de amar. Ser amado é secundário. Prejudica o amor que muitas vezes o antecede. Um amor não pode pertencer a duas pessoas, por muito que o queiramos. Cada um tem o amor que tem, fora dele. É esse afastamento que nos magoa, que nos põe doidos, sempre à procura do eco que não vem. Os que vêm são bem-vindos, às vezes, mas não são os que queremos. Quando somos honestos, ou estamos apaixonados, é apenas um que se pretende.
Tenho a certeza que não se pode ter o que se ama. Ser amado não corresponde jamais ao amor que temos, porque não nos pertence. Por isso escrevemos romances — porque ninguém acredita neles, excepto quem os escreve.
Viver é outra coisa. Amar e ser amado distrai-nos irremediavelmente. O amor apouca-se e perde-se quando se dá aos dias e às pessoas. Traduz-se e deixa de ser o que é. Só na solidão permanece. […]
Tenho o meu amor, como toda a gente, mas não o usei. Tenho também a minha história, mas não a contei. O romance que escrevi, escrevi-o para quem não quer saber dos amores ou das histórias de ninguém. Não contei nem inventei nada. Não usei nem pessoas nem personagens. Fugi. Quis mostrar que pertencia ao mundo onde o amor, como as histórias e os romances, existem só por si. Como se me dirigisse a alguém. Outra vez.
É sempre arrogante e pretensioso escrever sobre uma coisa que se escreveu. Apenas posso falar do que foi aminha vontade: escrever sobre o amor, sem traí-lo, defini-lo ou magoá-lo; deixando-o como era, antes da primeira palavra que escrevi. Seria inadmissível pôr-me aqui a cismar se consegui ou não fazer o que eu queria. Como seria dizer que não sei. Sei. Sei que não consegui. Só espero não tê-lo conseguido bem."

- Miguel Esteves Cardoso

sábado, abril 2

Stop following me!!

É assim que me tenho sentido nos últimos dias. Perseguido. Eu até poderia (ou se calhar posso) considerar uma espécie de mania da perseguição, mas não o acho. Não o posso achar. A melhor comparação que me ocorre, é que sou o tal civil inocente daquele filme de acção, que o assassino tem um prazer sádico e perverso em manter a mira da sniper na minha cabeça, a seguir cada movimento, sem desviar a atenção por um segundo, com o dedo no gatilho da arma. Mas então o que me faz sentir assim? Porque razão ando a sentir-se demasiado observado e exposto? Vulnerável a ataques?
Já faz algum tempo que tudo o que faço, coisas pequenas e irrelevantes para mim e para as pessoas (normais) no geral, ou até mesmo coisas grandes, tem um grande impacto para outras pessoas. Numa forma geral tudo o que faço, tem um grande impacto para outra pessoa! Quer olhe para a esquerda, quer ria, quer goste duma cena qualquer..
Coisas tão banais como um comentário qualquer numa rede social, pode ostentar nessa pessoa um fascínio absurdo que faz gostar disso. Até aí tudo bem, mas e se não for num comentário e forem em todos? Que essa pessoa, fora da noção de realidade, acha piada e segue constantemente. Sempre actualizado de tudo o que faço, como o tal sniper. Por falar nisso, está a acontecer enquanto escrevo. Neste preciso momento.
Gostava que fosse uma paranóia, tudo dentro da minha cabeça, para os ditos normais olharem para a rua e verem-me correr exaustivamente e com a respiração ofegante e a arfar, enquanto grito: "ESTOU A SER PERSEGUIDO, AJUDEM-ME!!" e não vem ninguém atrás de mim, para além da minha querida sombra. "É louco, só pode".
Mas infelizmente não é o caso. Gostava que a obsessão da outra pessoa fosse paranóia minha. Não é.
Já ouvi (e vi) outros civis inocentes queixarem-se do mesmo assassino. Com a mesma sniper, mas não querendo sobressair-me o que eu reparo é que este assassino só se interessa pela recompensa que nalgum estado devo valer – sendo cadáver ou não - deve ser muito.

Oh yeah!

"Sempre que vou cagar, trago a guitarra.. nunca se sabe quando a inspiração aparece."
- José Caracol

quarta-feira, março 30

Que puta de educação

Impressionante, o país que temos, com uma educação num estado tão lastimável… Como querem que alguém bem formado consiga ir para o Parlamento, se o que predomina é o desinteresse pela escola? Como é possível os partidos não chegarem a um acordo relativamente à educação? Não são eles que estão em causa, somos nós! Mas não, Portugal quer imitar países que NÃO SÃO PORTUGAL, logo o modelo desses países não irão resultar. Isto parece ser tão difícil de perceber? Não é..
Hoje no caminho para a escola, ouvi uns putos que estavam atrás de mim e consegui perceber que estes andam no 7º ano. Numa parte da conversa, fala a única rapariga do grupo, afirmando que o destino do colega será certamente chumbar, a não ser que este se aplique. Ele logo intervém, dizendo que no terceiro período, para evitar as negas vai tornar-se um marrão, como nunca antes fora. Agora, se já os putos do 7º, andam fartos disto e queixam-se que têm muitas disciplinas e que notaram grande diferença da transição do sexto para o sétimo, eu sinceramente não sei onde é que o país vai. Óbvio que a lado nenhum, pois esta parado na Europa.
O puto que estava a falar retoma a palavra e diz que era um grande cromo no 5º ano , mas que agora deixou-se disso.
É horrível viver num pais em que a escola é nada mais, nada menos que um "Facebook", serve para fazer amigos, namoradas e mais alguma coisa? A principal função deixou de ser aprender e passou a ser um sítio para testar-se uma certa roupa, se faz furor entre os colegas ou não, engatar, conhecer gajas, etc.. Felizmente não todos são assim. (Não digo que ser marrão é fixe, não é isso que está em causa)
Claro que a escola é um sitio óptimo, convive-se, aprende, mas quando é o futuro que está em causa, acho que se devia levar a serio. Mas perto do fim é que se apercebem da importância. Uns a tempo, outros tarde demais, mas eventualmente acabam por aprender.
Pessoalmente eu gosto de aprender, faz-me sentir capaz, mas gosto de aprender por livre vontade, não aprender o que os outros querem que eu aprenda... Nada forçado.
Mas se os putos metem desde cedo na cabeça que estão na escola porque a mamã e o papá os obriga, então decerto nunca sairá deste lugar, algo de extraordinário. É certo e sabido que desde à muito, muito tempo Portugal tem mostrado, atraso em relação aos outros países da Europa. Basta ler Os Mais para perceber o quão actualizado a obra se mantém, se calhar, mas só se calhar é tempo de mudar algumas coisinhas.. Se calhar..

segunda-feira, março 28

Que implicância, estou farto deste tema do blog, deste banner, deste formatozinho que é uma imitação rasca de outro blog que me é importante, em que estes textos são hipopótamos mascarados de palavras e mais travessões e virgulas, numa luta empastada que forma a frase.. Sei lá, ando farto de tudo no geral e de nada em concreto, quase como que se falasse comigo:
- Muda..
- Não sei se quero..
- Mas ainda agora disseste que estás farto de..
- Sim, disse e então?
- Então porque não mudas logo?
- Porque está muito bem assim.. Não precisa de mais nada. Está bom.
- Então mas..
- Mas o quê?
- Tu queres mudar?
- Sim quero, estou farto disto assim, já tem muito tempo, não gosto de ter as mesmas cenas durante muito tempo.
- Ah! Então os teus relacionamentos não devem durar muito! Ahah
- Se calhar vou mudar.
- Então muda.
- Sei la, há dias que quero, outros que nem me aflige assim tanto, mas não é uma coisinha que seja urgente, mas também não é o oposto.
- Explica lá isso, não percebi ponta dum boi.
- Humm.. Imagina um armário, tu tens dois livros lá em cima, mas o lugar deles não é lá em cima. Tu pensas em tira-los de lá, right? Mas depois questionas-te, se estas poucas vezes perto daquele armário, why even bother?
- Ai! É mesma assim que eu penso como sabes?
- Se calhar, não sei, mas se calhar é por sermos a mesma pessoa.. Se calhar.
- Sim, okay, como queiras, mas essa frase é interessante e intrigante.
- Se incomoda não vais refilar, até alguma coisa ser feita?
- Depende
- Vai para o caralho, se faz favor.

É numa conversa comigo acabo por ter certezas das duvidas que tenho, se mudo ou não, uns dias abro o Photoshop, faço quaisquer merdinhas e canço-me e dou por terminado o trabalho, uns dias gravo outros cago bem para tal. Mas depois está perfeito não precisa de mudar